Os buracos negros são regiões espaciais com enorme força gravitacional. Eles nunca foram vistos pelos astrônomos, e os estudiosos só sabem que eles existem graças à atração que exercem sobre os corpos celestes. "Não é possível visualizá-lo porque é uma região onde a densidade de matéria é tão grande que nem a luz consegue escapar do seu campo gravitacional", explica Eduardo Serra Cypriano, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP). Portanto, se não há luz em volta, não é possível enxergar nada.
Os corpos celestes, quando "caem" em um buraco negro, emitem radiação, essa sim perceptível pelos aparelhos de observação astronômica. "No caso de uma estrela, o gás que a compõe espirala até cair no buraco negro, como água indo pelo ralo. Nesse processo, o gás se aquece muito e emite fótons. É essa emissão que detectamos", diz o professor.
Em 1971 foi a primeira vez que os astrônomos perceberam um buraco negro, que ganhou o nome de Cygnus X, pois a emissão detectada era de raios X. Embora essas formações espaciais tenham todo esse poder de atração gravitacional sobre outros corpos, fatores como distância e tamanho interferem para que eles consigam "engolir" os vizinhos. "Se você colocar um buraco negro com a mesma massa do nosso Sol no lugar deste, a Terra continuaria a girar em torno dele exatamente como faz hoje, embora sem receber luz. Para sugar nosso planeta, seria necessário um buraco negro muito mais pesado que o próprio astro solar", exemplifica Francisco Conte, do Clube de Astronomia de São Paulo.
Segundo os estudos realizados atualmente, os astrônomos acreditam que cada galáxia tenha ao menos um buraco negro em seu centro. Como eles se formaram, ainda não é possível afirmar com toda segurança, mas há duas teorias possíveis. Uma, de que eles são oriundos de gases da formação do próprio universo. A outra hipótese é de que eles tenham se formado a partir da desintegração de estrelas.
Buraco Negro é uma "coisa"
que de negro tem tudo, mas de buraco não tem nada.
Prof. Renato Las Casas (13/12/99)
Buraco Negro é uma região do espaço onde o campo gravitacional é tão forte que nada sai dessa região, nem a luz; daí vermos negro naquela região. Matéria (massa) é que "produz" campo gravitacional a sua volta. Um campo gravitacional forte o suficiente para impedir que a luz escape pode ser produzido, teoricamente, por grandes quantidades de matéria ou matéria em altíssimas densidades.
Velocidade de Escape
Se atirarmos uma pedra para cima ela "sobe" e depois "desce", certo?
Errado!
Se atirarmos um corpo qualquer para cima com uma velocidade "muito" grande, esse corpo "sobe" e se livra do campo gravitacional da Terra, não mais "retornando" ao nosso planeta.
A velocidade mínima para isso acontecer é chamada de velocidade de escape. A velocidade de escape na superfície da Terra é 40.320 Km/h. Na superfície da Lua, onde a gravidade é mais fraca, é 8.568 Km/h, e na superfície gasosa do gigantesco Júpiter é 214.200 Km/h.
A velocidade da luz é aproximadamente 1.080.000.000 Km/h. Um buraco negro é um corpo que produz um campo gravitacional forte o suficiente para ter velocidade de escape superior à velocidade da luz.
A massa do Sol (0,2 X 10³¹Kg) é 333 mil vezes a massa da Terra e seu diâmetro (1,4 milhões de quilômetros) é mais de 100 vezes o diâmetro da Terra. Ele se transformaria em um buraco negro caso se contraísse a um diâmetro menor que 6 Km.
Detecção
Uma vez que nada sai de um buraco negro, nada de um buraco negro chega até nós. Resta-nos então observá-lo indiretamente, através de sua ação sobre sua vizinhança. "Vemos" um buraco negro observando "coisas" que o rodeiam sob a ação do seu campo gravitacional ou então que "caem" em sua direção, também sob a ação desse mesmo campo gravitacional.
A velocidade com que a matéria, a uma determinada distância de um corpo, o orbita, é proporcional à gravidade desse corpo. Mesmo sem vermos o corpo central podemos saber qual a sua massa se virmos e medirmos a velocidade de nuvens de gás e poeira que o orbitam, por exemplo.
Uma outra situação: se sob a ação da gravidade do corpo central, matéria "cai" em direção a ele, esse material enquanto vai "caindo" vai se comprimindo; por se comprimir vai se esquentando, e quanto mais quente fica, mais irradia... Também nesse caso, se medimos essa radiação, obtemos informações sobre o corpo central.
Buracos Negros Super Massivos
Em 1994, astrônomos que trabalhavam com o Telescópio Espacial Hubble, não apenas obtiveram fortes indícios da presença de um buraco negro no centro de uma galáxia espiral, como também mediram a sua massa. Através de um efeito bem conhecido da física (Efeito Doppler) foi possível medir a velocidade de gás e poeira girando em torno do centro da galáxia M87.
Pelo desvio das linhas espectrais da radiação emitida por esse material, chegou-se à conclusão que ele gira em torno do núcleo de M87 com uma velocidade muito grande. Para manter esse material com uma velocidade tão grande é preciso uma massa central também muito grande. Uma quantidade tão grande de massa no volume interno à órbita do material que o circula só pode ser um buraco negro. A massa deste buraco negro foi estimada em 3 bilhões de massas solares.
Posteriormente foram obtidos indícios de outros buracos negros no centro de outras galáxias. A tabela abaixo nos apresenta 17 galáxias que atualmente suspeitamos possuírem buracos negros supermassivos em seus centros. Também é apresentada a massa estimada desses buracos negros.
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Nome da Galáxia | Massa do Buraco Negro (Sol=1) |
IE1740.9-2942 | 100 centenas |
SgrA* | 2 milhões |
Messier 32 | 3 milhões |
Centaurus A | < 14 milhões |
Messier 31 | 30 milhões |
Messier 106 | 40 milhões |
NGC 3379 | 50 milhões |
NGC 3377 | 100 milhões |
Messier 84 | 300 milhões |
NGC 4486B | 500 milhões |
NGC 4594 | 1 bilhão |
NGC 4261 | 1 bilhão |
NGC 3115 | 2 bilhões |
Messier 87 | 3 bilhões |
Cygnus-A | 5 bilhões |
NGC 4151 | Não Conhecido |
Messier 51 | Não Conhecido |
Hoje acreditamos ser possível que toda grande galáxia tenha um buraco negro, de massa equivalente a milhões ou bilhões de estrelas, em seu centro. Esses buracos negros podem ter se formado no universo primitivo, a partir de gigantescas nuvens de gás ou então depois das galáxias já formadas, a partir do "colapso" de imensos aglomerados estelares.
Buracos Negros Estelares
Antes da fantástica descoberta acima descrita a procura por buracos negros no universo se concentrava principalmente na possível detecção de objetos muito compactos com massa algumas poucas vezes maior que a massa do Sol e que estariam espalhados nas galáxias.
Desde 1939 acreditamos que, em seu processo evolutivo, uma estrela de massa maior que 3,2 vezes a massa do Sol, quando acaba o seu combustível, pode "desabar sob seu próprio peso". Essa estrela pode se contrair tanto que dê origem a um campo gravitacional forte o suficiente para impedir que a luz escape de suas proximidades. Um buraco negro!
Se um buraco negro desses estiver envolto por uma nuvem de gás e poeira ou se tiver uma estrela por companheira, pode ser que tenhamos matéria dessa nuvem ou dessa estrela "caindo" no buraco negro e então irradiando (principalmente na freqüência de raio X). Um número considerável de estrelas da nossa galáxia forma sistemas duplos. É possível então que tenhamos vários buracos negros cabíveis de serem detectados através dessa radiação.
Cygnus X-1 é uma "fonte de raios X", companheira de uma estrela de massa aproximadamente 30 vezes a do Sol (HDE 226868) e é um dos mais fortes candidatos a buraco negro conhecido.
A tabela abaixo nos apresenta 8 estrelas que acreditamos possam ser companheiras de buracos negros. Também é apresentada a massa estimada desses buracos negros.
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Nome da Estrela | Massa do Buraco Negro (Sol=1) |
A0620-00 | 3 - 4 |
Cygnus X-1 (HDE 226868) | 4 - 8 |
Sco X-1 | 3 - 10 |
GS2000+25 | 3 - 10 |
GX339-4 | 3 - 10 |
V 404 Cygni | 8 - 12 |
Nova Muscae 1991 | 3 - 10 |
Nova Ophiuchi 1977 | 6 - 7 |
Uma Nova Classe de Buracos Negros
Em abril passado astrônomos da NASA e da Carnegie Mellon University comunicaram haver obtido, separadamente, evidências da existência de buracos negros de massas variando entre 100 e 10.000 massas solares, nos centros de algumas galáxias.
Os astrônomos da NASA obtiveram tal evidência estudando raios X emitidos por 39 galáxias próximas à nossa. NGC 4945, uma galáxia espiral muito parecida com a Via Láctea (nossa galáxia), é uma dessas. Os astrônomos da Carnegie Mellon University chegaram à mesma evidência estudando raios X provenientes de M82.
Têm sido elaboradas teorias procurando entender a origem desses buracos negros "meio pesados".
Mini Buracos Negros?
Vale a pena lembrar que muitos astrônomos e físicos acreditam na existência de mini buracos negros que teriam sua origem nos primórdios do universo.
Alguns procuram explicar a explosão que ocorreu sobre o rio Tunguska na Sibéria em 1908 e destruiu mais de 2.150 quilômetros quadrados de densa floresta, à colisão de um desses mini buracos negros com a Terra.
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